10 de junho de 2013

3 MONTHS, BIATCH!

Hoje faz 3 meses que eu cheguei nessa terrinha estranha, achando tudo esquisito. Faz 3 meses e uns dias que eu estava em pânico, tomada por dúvidas, sem saber se era isso mesmo que eu queria pra minha vida e se valeria a pena no final. 3 meses que comecei uma nova vida que eu nunca havia imaginado que poderia viver. 3 meses que tenho estado feliz como nunca havia sido antes

life is amazing, bro!

É tão estranho, ao mesmo tempo em que parece tanto tempo, afinal 1/4 do meu ano já passou, tudo aconteceu tão rápido e tão intensamente que fica até difícil de calcular o impacto. Eu sei que hoje eu sou uma pessoa completamente diferente daquela que saiu chorando sem parar por 3 horas seguidas de Guarulhos, que chegou achando tudo diferente e pensando que jamais iria se acostumar com essa vida. Mas como não se apaixonar por tudo? 
Depois de apenas 3 meses eu já começo a me preocupar com a hora de ir embora, de deixar tudo isso pra trás e voltar praquela vida de antes. Uma vida boa, sem dúvidas. Mas que eu não tinha idéia de como poderia ser melhor. 
Estar feliz é uma sensação estranha, eu percebi que fazia tempo que não me sentia assim. É, apesar de tudo, estar satisfeita, colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquila, acordar todos os dias sem o pensamento de "mais um dia, que merda" rondando a cabeça, é aproveitar cada minuto do seu dia de maneira positiva, até mesmo aqueles que não são tão bons assim. 
Depois de 3 meses somente a idéia de deixar minhas kids aqui, já dói. Me preocupo com quem virá depois de mim, se vai tratar eles tão bem quanto eu, se vai fazer eles se esquecerem de mim, se vai fazer todas as coisinhas que eu já sei que eles gostam, se vai respeitar a minha família, reconhecer o quão maravilhosos eles são e como não se poderia esperar nada mais deles. 
E sim, eles já são minha família. Uma segunda família que faz parte de mim tanto quanto a original, que já aprendeu meus gostos, me deu novos hábitos, incorporou alguns dos meus, e que, por mais incrível e surreal que pareça, realmente se encaixaram comigo. 
E não só eles... É como se eu tivesse sido feita pra essa vida. Amo cada pequeno aspecto de viver em Amsterdam, na Holanda. Não sei mais viver sem bicicleta, sem chá todo dia, sem pão com granulado e sem batata como prato principal. 
E falando em principal, you can suck it all now por que eu já aprendi a comer 90% das coisas que comem nesse país estranho! Já nem sinto a falta de tempero ou de ter uma refeição no almoço! Quem é que ia passar fome mesmo hein??????
Não estou dizendo que todos os momentos são flores, longe disso! Mas acho que esse é o lance de estar feliz com a vida que se tem vivido... E daí que tem momento ruim? Eles não contabilizam! 
Incrível como 3 meses são mais do que o suficientes pra causar impacto na gente. Hoje em dia eu já não tenho mais tantas certezas como tinha antes, ao mesmo tempo em que algumas certezas estão mais fortes do que nunca. 
Uma delas é a de que EU POSSO. EU CONSIGO. EU REALIZO. A gente sempre fala pros outros e tenta se convencer dessas coisas, mas é só quando passamos a fazer acontecer e tomamos consciência de que as rédeas são nossas e de mais ninguém, é que a gente passa a entender o verdadeiro significado disso. 
Acho que uma das coisas que torna tudo mais intenso e mais importante é a contagem regressiva. Sobrevivi a 3 meses, tenho mais 9 pela frente, aimeudeus que que eu vou fazer com eles
É como se a cada momento a gente tivesse um reloginho dizendo: lá se foi mais um dia do seu ano, o que você fez dele? E quantos mais meses se passam, mais alto ele vai falando. E aí, é nessas horas que a gente consegue clarear e priorizar: aimeudeus, que que eu vou fazer com os meus 9 meses restantes? 
E se eles não forem tão bons quanto esses três? E se as coisas desandarem e derem tudo errado? E se o que parecia céu, na verdade era inferno? E se, no final das contas, isso não for pra mim mesmo? Eu não sei...
Eu sei que em 3 meses eu já bati mais de 15 km de bike num dia só, já aprendi a comprar barato em lugares suspeitos, já aprendi a comer barato em lugares mais suspeitos ainda, já chorei, já sofri, já me recuperei, já viajei, já conheci mais 2 países, já fiquei mais velha, já tive o aniversário mais incrível de todos da minha vida, já realizei sonhos que jamais passou pela minha cabeça que realizaria, já criei novos sonhos pra substituir esses, já fiz planos, já desisti de planos, já conheci gente muito interessante e muito desinteressante também, já fiz amigos, já tenho um novo time de futebol, já tenho um novo lugar que não aguento mais ir... Já vivi uma vida toda e sei que viverei tantas outras mais.
Esses 3 meses valeram a pena. Valeram mais do que a pena! Foram os melhores 3 meses de toda a minha vida! Em que eu me senti mais feliz, mais completa, mais realizada, mais senhora de mim...

estreando os 23. 

Outro dia eu estava simplesmente sentada na minha cama, pensando na vida e me deparei com o fato de que eu estava muito feliz, absurdamente feliz, feliz num nível que não era nem possível de expressar apropriadamente... Indecentemente feliz, constrangedoramente feliz, culposamente feliz. Não importava todas as merdas da vida, não importava o quanto de coisa ainda pode dar errado e quanto ainda está incompleto. Pela primeira vez na vida eu era feliz e soube disso. E só isso já faz qualquer coisa valer a pena! 

4 de junho de 2013

Eu quero ser au pair, não gosto de criança e não sei me virar sozinha, tem como?

NÃO! 

Vou fazer esse post como desabafo, por favor não se sintam pessoalmente atacados caso alguma das situações se aplique a você. Mas é que eu já estou de saco cheio de certas reclamações de muita menina que vem sem au pair sem a menor condição pra isso, e vou dizer por que. 


Ok, você não tem experiência formal, ou até tem, mas sempre foi aquela coisa de duas horinhas por dia, por algum motivo você não tem nenhum primo que frequenta a sua casa ou então você é a caçula da família toda. O que importa é que você nunca lidou de verdade com criança. Você realmente acha que vir prum país diferente do seu, morar com pessoas que nunca viu antes e ainda ter que aguentar as crianças o dia todo vai ser fácil? 

"Ah Isabella, mas você também não tinha muita experiência antes de ir, não é certo falar isso."

Olha, eu posso até não ter tido experiência formal com crianças, mas o que não me falta são primos pequenos, alguns que inclusive cresceram dentro da minha casa, e cérebro pra assimilar todas as cagadas que eu vejo as pessoas fazerem quando se trata de criar filho. 

Primeira regra de ouro: CRIANÇA DÁ TRABALHO. Se não quer trabalho, mantenha distância! Reclamar que a sua criança faz manha é a mesma coisa que reclamar que o céu é azul e que as folhas caem das árvores. Crianças vão ser crianças! E não me venha com papinho de "mimimi eu não era assim, minha mãe fazia isso isso e isso se eu fizesse aquilo mimimi" por que caímos na segunda regra de ouro.

Segunda regra de ouro: VOCÊ É QUE É O ESTRANHO AQUI! Se quer comidinha da mamãe, pessoas que fazem tudo do jeito que você estava acostumada, e gente com paciência com você o tempo todo: FICA EM CASA! Você é quem escolheu sair e se aventurar num país diferente, com cultura diferente e pessoas diferentes. Se não está disposta a aprender a fazer as coisas diferentes não precisa se dar ao trabalho de vir ué. 

Terceira regra de ouro: TENHA PACIÊNCIA!! A host family é um monstro, as kids são monstrinhos, a cidade é uma merda, your life sucks? Quem mandou não ter paciência? Quem mandou conversar de qualquer jeito com qualquer família e não perguntar tudo direito? Ou até perguntou, mas tava com pressa de vir e aceitou? Agora respira fundo e aguenta! Ninguém te amarrou e trouxe forçada! 


Quarta regra de ouro: STAND UP FOR YOURSELF!!!!!! Jesus Cristo não aguento o tanto de gente que sofre a vida por que não consegue abrir a boca pra perguntar algo. Aqui não tem NINGUÉM que vai fazer as coisas por você, ou você faz por conta própria, ou você faz por conta própria. Parem de achar que todos tem que adivinhar as suas necessidades e dificuldades e bote a boca no trombone. Ou fica calada sem reclamar, pelo menos! 

Por mais clichê que isso soe, uma verdade é: A vida é feita de escolhas! E se você não tem maturidade suficiente pra lidar com as escolhas que você mesma fez, você com certeza não tem maturidade pra fazer um intercâmbio como au pair. 
Tem que sofrer calada? Não! Nunca! Mas justamente saber o que é importante ou não é que diz o quão madura você é. 
Todo mundo gosta de reclamar? Sim! Claro! Porém, reclamar pra desabafar a gente reclama pra amiga au pair que ta na mesma merda durante uma cerveja. A gente não faz um escândalo ou posta publicamente pra todo mundo ver. 
Só que: se você não sabe lidar com criança, não quer sair do colinho de mamãe, não ta disposta a meter (e quebrar) a cara com tudo... PRA QUE TU VAI SER AU PAIR MINHA FILHA
Pra passar o ano todo reclamando de como tua vida ta sofrida, de como tudo é ruim, de como nada acontece do jeito que você imaginou que seria? Que não tem tempo nem dinheiro pra nada e etc e tal? Ta ruim? Pede rematch! Volta pra casa! Ninguém te obrigou a vir! 
A vida de au pair não é mar de rosas, mas tem que saber aproveitar o que é bom e ignorar o que é ruim! Ficar mimimiando por cada choro que a criança dá, ou cada vez que o host te trata como a babá das crianças (por que é isso que você é, esquece isso de filha mais velha pelamordedeuscriaturaaaaa!) não te leva a nada! 


Se eu conheço minhas amigas, elas iriam me mandar parar de ser amarga e calar a boca por que minha família é diferente da maioria. Eles são? Até podem ser... Não sei! 
Mas a diferença é que, quando a minha criança faz birra, no final do dia eu conto pros meus hosts rindo, fazendo piada da situação... Eles falam algo do tipo "nossa que bom que você levou isso numa boa, desculpa, não sei o que acontece com ela nessas horas..." e seguem falando sobre a personalidade das kids, geralmente fazemos um chá ou café e continuamos conversando e por vez ou outra chegamos numa idéia ou solução pra evitar que aquilo se repita. Se eu chego com uma reclamação pra eles, em formato de reclamação, já é diferente, eles se fecham, assumem uma postura ereta e defendem as crias deles com unhas e dentes (claro, são os filhos deles né porra! tu é só uma estranha!) e depois que eu percebi isso, nunca mais usei essa abordagem. Ter jogo de cintura é ESSENCIAL. Não adianta fechar a cara, bater o pé e cruzar os  braços (igual minha kid de 4 anos) e achar que vai dar em algo. NÃO VAI! Tu é uma adulta que optou de livre e espontânea vontade sair do seu país de origem pra ir pra uma cultura diferente morar na casa de estranhos. Adapt or die!!!!  

É isso, só queria tirar esse desabafo do meu peito antes que eu explodisse injustamente com alguém. risinhos. 
Não sou dona da verdade e nem quero ser, só estou realmente cansada de ver reclamações sem fundamento everywhere e menina com complexo de princesa que acha que o mundo tem que rodar ao redor delas do jeito que elas querem se não não ficam felizes. 
Por hoje é só pessoal, kusjes kusjes!